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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BR 319 – Mesmo com previsão de chuva, Fernando Lara segue na estrada

Combustível reserva, mantimentos e um pneu são apenas parte dos preparativos para enfrentar a BR 319. Foto: Fernando Lara
O documentarista de natureza da Fauna e FloraDocumentários, Fernando Lara, não se intimidou com a previsão de novas tempestades em todo o estado de Manaus e segue continuando seu caminho pela BR 319. Depois de passar um susto, com um temporal de 40 minutos que arrancou telhados e árvores em Humaitá (AM), o profissional saiu hoje (31), no início da tarde, em direção a comunidade Realidade, no km 555 da rodovia que liga as capitais Porto Velho (RO) e Manaus (AM).

O desafio de encarar a BR 319 ficou ainda mais difícil para Fernando Lara e a sua Honda Bros depois do temporal de ontem (31). A rodovia fica intransitável em épocas de chuva o que preocupa a equipe da base da Fauna e Flora Documentários em Minas Gerais. Segundo previsão do site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) haverá, hoje, novas tempestades, com as mesmas características daquelas que ‘varreram’ Humaitá nesta quarta-feira. Em Humaitá, a probabilidade de precipitação é de 80%.


De acordo com o site do CPTEC/INPE previsão pe de chuva temporal e ventania no trajeto em direção a BR 319. Foto: reprodução
Para o trajeto, a Fauna e Flora Documentários tem o apóio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), um braço da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Amazonas. A equipe do CEUC disponibilizou informações sobre os pontos críticos e que podem ser usados para acampamento e pousada durante o trajeto da BR 319, além de contatos de chefes de unidades de conservação estaduais ao longo da rodovia. Além disso, Fernando Lara fez reserva de comida e 25 litros de combustível, além do tanque cheio. Um pneu com câmara de ar também está na bagagem.

Se tudo der certo, Fernando Lara chega no próximo sábado em Manaus. Será um presente e uma vitória de uma única vez uma vez que o documentarista de natureza completará 31 anos de vida nesta data. Na região metropolitana de Manaus estão previstos os registros da APA Caverna do Maroaga em Presidente Figueiredo e o Parque Nacional de Anavilhanas em Novo Airão.

Mas você deve estar se perguntando, por quê a BR 319 é tão ruim de se transitar?

A BR 319 foi construída no final da década e 60 e início de 70 e inaugurada oficialmente em 1976 e tinha como objetivo ligar o estado do Amazonas a região centro-sul do país, por via terrestre.  Parecia um sonho, o trajeto de 877km entre Manaus e Porto Velho era feito em apenas 12 horas, em uma rodovia toda pavimentada.

Mas o bom estado de conservação durou pouco. Em menos de 10 anos, em boa parte da rodovia era impossível passar de 40km/h. A viagem entre as duas capitais de Rondônia e Manaus passaram a durar 36 horas. Em 1988 o trecho entre Humaitá e Careiros, foi considerado intransitável, levando ao abandono da rodovia até mesmo pelas pessoas que moravam ali.

A BR 319 passa por dentro da Floresta Amazônica e já durante a construção era possível prever que haveria problemas em sua manutenção. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes (DNIT), o “trecho Careiro-Humaitá situa-se em região geológica sem similar no mundo, além de apresentar altíssimos índices pluviométricos. Devido à natureza dos solos, não era impossível a implantação de uma rodovia de acordo com os padrões clássicos. Além disso, era necessário transpor rios, igarapés e construir altos aterros para viabilizar a estrada, superando os altos preços dos serviços e a inexistência de cidades intermediárias para minimizar os problemas causados pela grande extensão do trecho”. Atualmente são considerados trafegáveis pelo DNIT os trechos entre Manaus (Km 0) até o km 255 e entre Humaitá (km 665) até Porto Velho (Km 870). 

O trecho em cinza está com obras paralisadas desde junho/11 para atender a solicitações e estudos do Ibama. Fonte: Dnit/reprodução
A reforma da rodovia está dentro do pacote do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e deve custar cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Em 2009, foi iniciada uma movimentação para o início das obras, no entanto elas foram embargadas pelo Ibama, no último mês de junho, que solicitou condicionantes para a emissão do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental EIA/RIMA.

Se por um lado, a rodovia irá melhorar a situação daqueles que vivem próximos a BR 319 e facilitar o acesso a Manaus, por outro lado existe a preocupação como impacto ambiental da rodovia. A invasão de grileiros, as ramificações de outras estradas pela rodovia preocupam órgãos ambientais.

No entanto, algumas medidas para diminuir o impacto dessas mudanças já foram tomadas. Um convênio entre o Dnit e a SDS do Governo do Amazonas está possibilitando o funcionamento de nove unidades de conservação do estado ao longo da BR 319. São elas: Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Amapá, RDS Piagaçu-Purus, RDS Igapó-Açú, RDS Matupiri, RDS do Rio Madeira, Parque Estadual (PAREST) Matupiri, Reserva Extrativista (RESEX) de Canutama, Floresta Estadual (FLOREST) Canutama e FLOREST Tapauá.

A previsão é que as máquinas voltem a reformar a BR 319 no início de 2012. A expectativa é que a obra seja concluída em 2013 antes da Copa do Mundo.

Por Edlayne de Paula