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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ESPECIAL: Travessia pelo Rio Amazonas

Travessia de 1.646 quilômetros entre Manaus e Belém por cinco dias. Foto: Fernando Lara
Fernando Lara e sua Honda Bros bicombustível já estão na estrada novamente, dessa vez no asfalto. Depois de cinco dias navegando pelo Rio Amazonas, o documentarista de natureza da Fauna e Flora Documentários chegou ao início da manhã de ontem (9) em Belém (PA) e não perdeu tempo. Percorreu mais 230 km pela BR 316 em direção ao Maranhão.  O próximo destino da Rotas Verdes Brasil será o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses no litoral do estado. Hoje Fernando Lara está novamente na estrada e a previsão é que ele chegue amanhã na unidade de conservação. De Belém a Barreirinhas (MA) o trajeto é de 1.000 quilômetros.

O percurso passa pelos rios Amazonas e Pará e parando em cidades importantes do norte como Santarém e Parintins além de margear a Ilha de Marajó. Foto: Fernando Lara
Durante o pernoite em Santa Luzia do Pará, Fernando Lara aproveitou para encaminhar algumas fotos produzidas durante a travessia de 1.646 quilômetros de Manaus a Belém. Pela Hidrovia Solimões/Amazonas, o documentarista de natureza percorreu além do Rio Amazonas o rio Pará passando por cidades importantes do Norte como Santarém (PA), Parintins (AM) além de ter a margem direita a Ilha de Marajó (AM).

Família de patos no Rio Amazonas. Foto: Fernando Lara
Fernando Lara conheceu uma realidade diferente e registrou cenas impressionantes de quem depende do rio para viver. Navegando em um navio com capacidade para quase 800 pessoas, o documentarista de natureza fotografou a policromia das redes de dormir. É isso mesmo! Neste setor do navio não há camas e cada passageiro leva a sua rede formando um longo dormitório colorido que balança com o movimento da embarcação. 

Fernando Lara seguiu em uma embarcação com capacidade para 800 pessoas. A maior parte delas dorme em redes que elas trazem para descansar. Fotos: Fernando Lara

O documentarista de natureza viajou em uma suíte privada por causa da segurança dos equipamentos, mas recomenda a travessia feita na rede. “É uma experiência diferente. Há pessoas de todos os tipos, de diferentes classes sociais e até alguns estrangeiros. Além de pessoas de diversos estados do Brasil encontrei também franceses e chilenos. Muitos passageiros iam pra Belém por causa da festa religiosa Sírio de Nazaré”, afirma.
Uma das embarcações que transitam pelo rio Amazonas. Fotos: Fernando Lara
“Uma dica é pechinchar bastante o preço antes e tentar conversar sempre com o dono da embarcação. Os valores não são tabelados, então o valor do desconto pode chegar a 50%. É bom também ficar atento com a bagagem por causa do risco de roubo. No mais é apreciar uma viagem pelo maior rio do mundo pela maior floresta do planeta”, recomenda. No navio há restaurante, mas é preciso ficar atento porque em alguns horários as refeições acabam. Os banheiros para quem navega em rede também são coletivos e a água usada é a do rio. A embarcação onde Fernando Lara estava transportava além de passageiros, também veículos de pequeno porte, entre eles a Honda Bros da Rotas Verdes Brasil.

Imagem curiosa de um dos locais de entretenimento dos ribeirinhos. Foto: Fernando Lara
Estreito de Breves
Fernando Lara registrou uma realidade triste de algumas populações ribeirinhas no Estreito de Breves, no Rio Pará. Crianças em uma situação miserável se arriscam para pedir. Em canoas pequenas elas remam em direção aos navios. Com a embarcação em movimento algumas tentam com um gancho se prender ao barco. A ação é muito arriscada e pode ser fatal por causa do porte dos navios e do volume do rio. Junto aos passageiros elas pedem dinheiro e ajuda. Algumas vendem coco, açaí e camarão. Elas estão maltrapilhas, sujas e tentam sobreviver. Alguns passageiros jogam comida e outros tipos de ajuda em sacolas pelo rio, para elas possam pegar. Segundo Fernando Lara, as crianças passam horas nos navios, depois desengatam as canoas e voltam de ‘carona’ com outras embarcações que navegam em sentido contrário.

Crianças usam uma espécie de gancho para prender canoa as embarcações em movimento. Perigo por causa do volume d'água e do tamanho dos navios. Foto: Fernando Lara
Algumas crianças sobem para mendigar outras para vender coco, açaí ou camarão. Foto: Fernando Lara


No percurso, Fernando Lara conversou com algumas pessoas que disseram que a situação nesta região é de extrema pobreza. Além disso, é visível a ação de madeireiras ao longo da travessia, no corte e no transporte de árvores cortadas. Apesar de ser uma travessia de 1.646 quilômetros em cinco dias quase não há animais ao longo do rio, mesmo sendo uma área que representa a maior biodiversidade do mundo. As árvores as margens da travessia também são de pequeno porte, porque as maiores já foram todas cortadas.

Ação de madeireiras na região. Árvores de grande porte já não existem mais às margens dos rios. Fotos: Fernando Lara


Fernando Lara registrando imagens da travessia

Isso é apenas a demonstração de como é grande o desequilíbrio na relação entre o homem a natureza, principalmente daqueles que deixam de desfrutar para EXPLORAR. A conseqüência está visível, crianças famintas e dependentes da misericórdia dos outros. A mutilação da floresta e a alma dos animais mortos. É preciso agir rápido. A Floresta pede socorro.

Por Edlayne de Paula